Ana Pincolini

Nem polícia, nem perícia: reordenamento de CREAS com foco no PAEFI

Vamos ver se essa cena lhe é familiar: você acabou de começar a trabalhar em um CREAS e, depois de questionar o primeiro encaminhamento que recebeu para averiguar uma denúncia, escutou a seguinte resposta: “Mas sempre foi assim”…

Bem-vinda/o ao clube!

Esse curso oferece instrumentos e subsídios valiosos para que você reorganize a oferta do principal serviço do CREAS. Quando ofertamos o curso “Arrumando a ‘casa das famílias’: reordenamento de CRAS com foco no aprimoramento do PAIF”, que busca romper com o CRAS “plantão de emergências”, recebíamos pedidos para desenvolver um curso semelhante para o CREAS. No CREAS não é o plantão social que precisa ser superado, aqui o incêndio é outro: a equipe não fica engolida pela solicitação de cestas básicas, mas pela constante demanda por averiguação de denúncias e produção de documentos com a expectativa de que eles sejam equivalentes a laudos periciais. Nesse curso você vai compreender algumas razões históricas sobre o porquê isso ainda acontece, mas vai receber também subsídios fundamentais e indicações práticas para reordenar o processo de trabalho do PAEFI e construir fluxos de acesso condizentes com as normativas do SUAS e os objetivos do acompanhamento familiar especializado.

Atente-se para as datas e horários

JUSTIFICATIVA

A Educação Permanente no SUAS é definida como o processo contínuo de atualização e renovação de conhecimentos e práticas. De acordo com a Política de Educação Permanente (PNEP/SUAS) (Brasil, 2013), as ações de capacitação e formação devem responder às necessidades de aperfeiçoamento profissional identificadas no cotidiano dos serviços. Esse é o caso do presente curso, que busca responder, de modo prático, a um dos principais desafios dos CREAS: superar a visão dessa unidade como um espaço de recebimento/averiguação de denúncias e elaboração de laudos periciais. As unidades CREAS sofreram influências que bebem no Código de Menores – que reproduzia uma cultura de “polícia das famílias” – e em serviços herdeiros do antigo Programa Sentinela, nos quais havia uma mescla de acompanhamento especializado e produção de provas periciais e testemunhais. Reconhecer essa história é fundamental para consolidar o papel do CREAS no Sistema de Garantia de Direitos (SGD) e avançar rumo ao trabalho social especializado representado pelo PAEFI. Também fundamental é construir fluxos com os diversos encaminhadores com os quais o CREAS se relaciona e organizar o processo de trabalho do PAEFI de modo a garantir suas ações essenciais – Acolhida, Acompanhamento Especializado e Articulação em rede. Nesse contexto, justifica-se a oferta do presente curso, que se classifica enquanto Capacitação de atualização (PNEP/SUAS, 2013) e responde demandas do cotidiano do SUAS.

 

PÚBLICO-ALVO
  • Profissionais de CREAS, de todos os níveis de formação
  • Coordenadores de CREAS, gestores/diretores de Proteção Social Especial e secretários de assistência social
  • Conselheiros municipais de assistência social

 

OBJETIVO GERAL
  • Apresentar estratégias práticas para romper com o “CREAS averiguador de denúncias”  e aprimorar a oferta do PAEFI

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  • Compreender o porquê o CREAS muitas vezes é visto como averiguador de denúncias e elaborador de laudos periciais
  • Contribuir para consolidar o papel do CREAS na rede enquanto unidade de oferta de trabalho social especializado com famílias
  • Indicar fluxos de articulação com os órgãos e políticas que se relacionam com o CREAS/PAEFI
  • Organizar o processo de trabalho do PAEFI de modo a garantir suas ações essenciais: Acolhida, Acompanhamento Especializado e Articulação em rede

 

PROGRAMAÇÃO

AULA 1. 26/03/2025, das 13:30 às 17:30 – “Mas isso sempre foi assim”: perícias, oitivas, denúncias: fantasmas do passado a assombrar o CREAS

  • O Creas do passado: heranças da polícia das famílias e do Programa Sentinela
  • O CREAS hoje: uma unidade que oferta serviços especializados no âmbito da assistência social
  • O PAEFI e os riscos pessoais e sociais por violação de direitos

 

AULA 2. 27/03/2024, das 08:30 às 11:30 – Alinhamento de expectativas sobre as competências do CREAS e construção de fluxos do PAEFI com os encaminhadores

  • Sistema de garantia de direitos
  • Organização do eixo defesa de direitos
  • O CREAS e as denúncias: alternativas para o Disque 100
  • O CREAS e as perícias: do laudo ao relatório

 

AULA 3. 28/03/2025, das 08:30 às 11:30 – Alinhamento de expectativas sobre as competências do CREAS e construção de fluxos do PAEFI com os encaminhadores

  • Acesso por referência e contrarreferência: fluxo com a rede socioassistencial
  • Acesso por encaminhamento: fluxo com a rede intersetorial (demais políticas)
  • Acesso por aplicação de medidas de proteção: fluxo com órgãos de defesa de direitos (Conselho Tutelar, Delegacias, Ministério Público e Poder Judiciário)
  • A importância de criar e padronizar instrumentos de encaminhamento ao PAEFI: avaliação de risco, guias de encaminhamento e ofícios

 

METODOLOGIA
  • Aulas online síncronas (ao vivo) por meio do Google Meet com possibilidade de interação
  • Fundamentação teórica e exemplos práticos
  • Indicação de percurso de leitura para continuidade dos estudos pelas equipes
  • Indicação de vídeos complementares para assistir em equipe
  • Indicação de fluxos com órgãos de defesa de direitos

Modalidade: Capacitação de atualização (conforme a classificação da PNEP/SUAS (Brasil, 2013)

Percurso formativo principal (conforme a classificação da PNEP/SUAS (Brasil, 2013): Gestão do SUAS

Carga horária das aulas ao vivo: 10 horas aula

Vídeos complementares, exercícios e percurso orientado de leitura em equipe: 30 horas (tempo estimado)

Carga horária da certificação: 40 horas

 

MATERIAIS COMPLEMENTARES
  • Percurso de leitura orientada
  • Roteiro sugerido para Protocolo de Gestão do CREAS
  • Modelos de instrumentos:
  • Modelo de ofício para os encaminhadores
  • Modelo de termo de recusa de atendimento
  • Modelo de informação sobre lista de espera
  • Modelo de informação sobre início de acompanhamento
  • Modelo de informação de desligamento
  • Modelo de Banco de dados PAEFI

A principal transformação que o curso oferece é o caminho de mudança do seu CREAS, especialmente do PAEFI, garantindo a organização do processo de trabalho de acordo com as ações essenciais de acolhida, acompanhamento especializado e articulação em rede. A segunda transformação é contribuir para que a rede tenha mais clareza sobre o papel do CREAS/PAEFI a partir de uma mudança de paradigma na oferta do serviço e de superação de expectativas relacionadas à averiguação de denúncias e produção de laudos periciais.

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Investimento:

Prefeituras

Desconto de 10% na compra de 3 ou mais inscrições.

R$ 429,00

Por pessoa

Empenho deve ser enviado até dia 23/03/2025 

Pessoa física

R$ 369,00

Por pessoa

A inscrição inclui:

Docente:

Psicóloga pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, 2004), Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 2010), com pesquisa e dissertação na temática da violência sexual contra crianças e adolescentes. Servidora pública na Fundação de Assistência Social (FAS) de Caxias do Sul (RS) desde 2008, com atuação enquanto técnica de nível superior (psicóloga) no CRAS (2008 a 2013) e gestora – coordenadora do CREAS (2013 a 2017), Diretora de Proteção Social Especial (2017 a 2020) e Diretora de Gestão do SUAS (2020 a 2023). Foi docente dos cursos de graduação em Direito e Psicologia na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) entre 2016 e 2020, ministrando a disciplina de Psicologia Jurídica, e da especialização em Avaliação Psicológica, ministrando a disciplina de Avaliação Psicológica no contexto jurídico. Desde 2017, atua com educação permanente na assistência social por meio de cursos e eventos presenciais e online e produção de conteúdo gratuito no canal SUAS Conversas, no Youtube.  

Palavra da professora:

De que lugar eu falo ao ministrar esse curso:

Contribuíram fundamentalmente na construção desse curso a minha experiência de sete anos na proteção especial, sendo quatro deles como coordenadora de CREAS (2013 a 2017) e três (2017 a 2020) como diretora de proteção social especial em Caxias do Sul. Nesses dois papéis, participei de processos de desconstrução do CREAS “averiguador de denúncias” e de desconstrução de expectativas em torno dessa unidade como um espaço de produção de laudos periciais. Fui responsável pela revisão final e coordenação do processo de elaboração do Protocolo de Gestão dos CREAS de Caxias do Sul (2020). Esse curso também é fruto da experiência como docente de psicologia jurídica no ensino superior (para os cursos de graduação em psicologia e direito), entre os anos de 2016 a 2020. Enquanto professora de psicologia jurídica, especialmente de perícias no contexto forense, para mim era cada vez mais claro o quanto determinadas exigências feitas aos CREAS representavam a ausência do aparato pericial criminal e forense. Ao ministrar essa disciplina e, ao mesmo tempo, ser coordenadora de CREAS e, depois, diretora de PSE, ficava evidente cotidianamente a contradição de receber, no CREAS, demandas que deveriam ser direcionadas a delegacias, Ministério Público de órgãos do Poder Judiciário. Por outro lado, por atuar cotidianamente, na docência, na interface entre psicologia e sistema de justiça, sempre foi relativamente fácil encontrar subsídios – inclusive jurídicos – para embasar a negativa de cumprir, por meio do CREAS, atribuições que não são dessa unidade. Posso dizer que a atuação docente com psicologia jurídica me possibilitou lidar com solicitações indevidas de modo a ter argumentos éticos, técnicos e jurídicos para redirecionar tais orientações aos órgãos competentes. Ter tido a oportunidade de ser gestora justamente da proteção especial me possibilitou articular diretamente com as instâncias necessárias e firmar posicionamentos no sentido de garantir que o CREAS, especialmente o PAEFI, cumpra o seu papel na rede – e não seja uma unidade que deixe de lado suas funções precípuas para suprir a ausência de outras políticas ou órgãos de responsabilização e defesa de direitos. É desse lugar e com base nessas experiências que quero contribuir para que você e sua equipe superem o a averiguação de denúncias e a produção em série de laudos periciais no PAEFI do seu CREAS.  

Perguntas frequentes

A PREFEITURA PODE ADQUIRIR O CURSO COM RECURSOS FEDERAIS?

Sim, com base no Decreto Nº 7.788/2012, os recursos oriundos do FNAS repassados na modalidade fundo a fundo podem ser gastos no cofinanciamento para a capacitação de recursos humanos e o desenvolvimento de estudos e pesquisas essenciais à execução de serviços, programas e projetos de assistência social. Para tal, podem ser utilizados recursos dos seguintes blocos:  

Bloco da Proteção Social Básica (PSB): conforme a NOB-RH/SUAS, podem ser utilizados para custeio de capacitações, incluindo diárias e passagens no caso de eventos presenciais.  

Bloco da Proteção Social Especial (PSE) da Média e Alta Complexidade (MAC): conforme a NOB-RH/SUAS, podem ser utilizados para custeio de capacitações, incluindo diárias e passagens no caso de eventos presenciais.  

Recursos do IGD-M (IGD-PBF): podem ser utilizados para compra de inscrições para capacitação de servidores envolvidos no processo de acompanhamento das condicionalidades, gestão municipal do Cadastro Único de Programas Sociais e Controle Social. Além das inscrições, também podem ser utilizados para pagamento de diárias e passagens no caso de cursos e eventos presenciais (encontros, seminários e outros). 

Recursos do IGD-SUAS: podem ser utilizados para organização, financiamento e participação em cursos e eventos, inclusive a participação dos conselheiros da sociedade civil.  

Recursos do Programa Criança Feliz (PCF)/ Primeira Infância no SUAS: de acordo com a Portaria n° 664/2021 (art. 4º e art. 75), os recursos podem ser utilizados para viabilizar a participação da Equipe PCF em cursos e eventos de capacitação.  

 

MEU MUNICÍPIO PODE SE INSCREVER POR EMPENHO?

Sim. Além da contratação por empenho, é possível contratar por boleto, PIX ou transferência bancária. Cada município executa um procedimento específico. Disponibilizamos em nosso site os documentos necessários para contratação. Encaminhe para o Setor de Compras/Financeiro do seu município.

Em caso de dúvidas, entre em contato conosco por meio do email: [email protected]

O CURSO SERÁ OFERTADO SOMENTE AO VIVO?

SIM. Em função da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, que protege os direitos individuais  de liberdade e privacidade, como o curso possibilita interação, ficando gravadas perguntas, falas e imagens dos participantes, a capacitação deve ser assistida AO VIVO. A gravação somente será disponibilizada por tempo determinado e mediante apresentação de atestado médico que comprove impossibilidade de assistir à aula na data e horário em função de afastamento de saúde. Consulte regulamento. Para melhor aproveitamento, orienta-se a utilização de fones de ouvido, microfone e câmera.   

 

FORNECE CERTIFICADO?

Sim. Os certificados serão disponibilizados a todos os participantes que estiverem presentes nas aulas.

QUAIS SÃO AS FORMAS DE PAGAMENTO DISPONÍVEIS?

Você pode pagar à vista no boleto ou em até 12x nos principais cartões. O pagamento no boleto leva até 48 horas para confirmação da inscrição. Já no cartão de crédito a confirmação é imediata. Prefeituras podem optar pelo pagamento por empenho.

ESSE CURSO PODE SER VALIDADO COMO EDUCAÇÃO PERMANENTE NO SUAS?

Sim, pois o projeto pedagógico do curso foi elaborado seguindo os princípios da Política Nacional de Educação Permanente do Suas (PNEP, 2013). Com base nos critérios da PNEP, o curso é do tipo "Capacitação de Atualização".

Dúvidas?

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